sexta-feira, 24 de setembro de 2010

*BUSCA*

“Ando... Corro... Percorro... Uma trilha i sonora, O silêncio me guia na escuridão dos trilhos, calcados por peles expostas no invisível que piso. Paro... Ando... Atropelo... Talvez busque por toda minha vida os contornos geográficos da alma, acredito que em cada um de nós esconde-se uma paisagem interna, para alguns se chama sorte encontrá-la, correndo tranquilamente como água sobre pedras, vigor acomodando-se aos seus contornos fluidos, e se sentem ‘em casa’. Outros conseguem encontrar no lugar em que nasceram; outros ainda podem abandonar uma cidade à beira-mar, sentindo-se cansados e sedentos, descobrindo-se vigor no deserto. Existem ainda aquelas pessoas que nascem no sossego dos campos e que sentem prazer somente na solidão intensa e agitada da grande metrópole. Para alguns, a busca é pela nódoa de um outro; um pai ou um filho, um avô ou uma mãe, um irmão, um amante, um marido ou até um inimigo. Podemos passar o resto da vida felizes ou infelizes, bem realizados ou fracassados, amados ou não amados, sem nunca pararmos imóveis pelo choque do reconhecimento, sem jamais sentirmos a angústia do momento em que o grilhão retorcido em nossa alma se desprende, e afinal encontramos nosso lugar. Já estive ao lado de jovens infratores com corpos amarrados, mas corações libertados, olhavam com espanto e incompreensão a dor e o sofrimento de seus destinos, sentidos por um mundo que jamais sentiram-se amados. Como também já estive ao lado de jovens como corpos livres, mas corações amarrados, correndo em reverso em busca de sentidos.” Julieta Menezes