"Confusão inconfundível
Pergunto-me todos os dias
Se há um caminho definido...
Às vezes me sinto como uma semente enterrada,
E que da terra não sairá nada.
Gosto quando o vento beija meus cabelos,
Sinto que estou assanhada.
Para mim descabelada,
Combina com ser amada.
No silêncio do meu fone,
Não escuto o telefone,
Me desligo do meu nome,
Hoje esqueci até meu sobrenome!
Meu corpo se esquece,
Que meu coração adoece,
Se a alma não enobrece,
A alma cansa se o coração amansa...
No ritmo da dança crio meu passo,
Sigo harmoniosamente meu compasso.
Minha sabedoria caminha,
Onde se perde a linha.
Começa quando escurece,
Termina quando amanhece.
Ninguém se pergunta mais:
Quem eu sou?
Onde estou?
Ou
Por que a planta cresce?
Por que o céu padece?
Sofrimento absurdo,
O mundo parece-me mudo...
O que você fez?
Lembra alguma vez?
Mundo produto...
Onde foram parar seus frutos?
Semente de cimento,
Não balança no vento,
Desenvolve sem pensamento.
Isto está certo?
Sinto arrepiar a alma,
Meu instinto pede calma,
Solto a minha arma...
Viver sem medo,
É como experimentar um brinquedo,
Se esquece do tempo,
Pensando só no momento...
Para que tanto armamento?
Por você eu só lamento...
Me arrisco em uma trilha sem rota,
Em minha busca não quero achar a porta,
E se para ser feliz precisa de guia ou de cota,
Me enterrem, pois já estou morta!."
(Julieta Menezes)