sábado, 21 de novembro de 2009

*LAMENTO*

"Por hoje eu só lamento/

De ver tantas pessoas infelizes/

Rostos vazios/

Expressão passiva/

Enxergo medo.../

Desespero.../

Apelos.../

Por hoje eu só lamento/

Das pessoas não sentirem/

O que eu sinto.../

Entristeço-me não só/

Com a sujeira no chão/

Mas principalmente com os restos/

De lixo acumulados no coração.../

Por hoje eu só lamento/

Pela água que não te limpa/

Pela comida que não te alimenta/

Pela vida que não sentes/

Só preciso de espaço/

Para ser quem eu sou/

Para sentir o sabor/

Não da tua comida/

Mas o gosto da vida/

Hoje eu só lamento/

O concreto que te sufoca/

A televisão que te engole/

E a ambição que te persegue/

Feliz daquele que sente/

O cheiro do vento/

A melodia das flores/

E o sabor do pensamento.../

Feliz daquele que tem/

O olhar de uma criança/

E a sabedoria de um velho/

Feliz daquele que consegue/

Enxergar o amor/

Nas profundezas do olhar/

Sem precisar mergulhar.../

Por hoje eu só lamento/

Não ter pagado as minhas contas/

Fingir viver em um faz de conta/

De não poder ir embora/

Sem se preocupar com a hora/

Por hoje eu só lamento/

Ter que lamentar/

Ter que chorar/

Ter que me olhar/

E não conseguir me perdoar. "

(Julieta Menezes)

sábado, 31 de outubro de 2009

*CONCRET JUNGLE* (TRADUÇÃO)

 

Primeira trilha da 'Intervenção Urbana', sinceramente não imaginava outra música para expressar através da dança meu sentimento em relação ao caos urbano que vivemos hoje...

É inspirada na letra de Bob Marley, cantada por minha amiga Carol, que surge o projeto "Intervenção urbana", no qual grito corporalmente todos os fantasmas que transitam nesta selva de concreto...

 

 

*Selva de Concreto*

Nenhum sol vai brilhar no meu dia hoje

A alta lua amarelada não sairá pra brincar

A escuridão tem coberto minha luz

E transformou meu dia em noite

Agora onde o amor está?

E pode ser encontrado?

Alguém vai me contar?

Pois a vida, doce vida, deve estar em algum lugar para ser encontrada

Ao invés de selva de concreto onde viver é tão mais difícil!

 
 
 

Selva de concreto,

Cara, você tem de dar tudo de si

Mesmo sem correntes nos pés,

Não estou livre...

Sei que estou aqui preso em cativeiro

Jamais conheci a felicidade

Nunca soube o que é uma doce carícia

Vou sempre gargalhar como um palhaço

Ninguém vai me socorrer por que

Devo me erguer sozinho deste chão

Nesta selva de concreto

Eu digo o que você tem agora para mim?

Selva de concreto,

Ah porque você não me deixa SER agora...

 
 
 
 
 
 
 

(BOB MARLEY)

 

domingo, 18 de outubro de 2009

*MADRUGADA*

 

"Entro madrugada adentro
as horas vão se passando,
mas não quero dormir

Eles estão todos aqui
uma grande reunião de sentimentos
resolveram vir todos de uma vez só

Como é possível as lágrimas rolarem de tristeza e de alegria,
de claridade e de escuridão,
de culpa e de compreensão,
de medo e de esperança...

Quero gritar
um grito silencioso...
pois, que ouvido irá compreender
o que este coração enlouquecido
clama...
anseia...
pelo socorro
que parece estar em nenhum lugar...

Olha para todos os lados
mas a solidão prevalece
ao ver que ninguém pode ouvir
todos estão tão longe...

Não posso dormir
não quero acordar dentro do mesmo vazio
repetindo as mesmas coisas
quero morrer e renascer a cada dia

Não posso dormir
tenho receio de me acalmar
de não mais sentir esta loucura
de acordar e continuar dormindo
como todos que vivem aquela mesma coisa repetida, sem vida
como máquinas direcionadas por um sistema...inconscientes...

Não, não quero dormir!
eles estão todos aqui
não posso deixá-los ir
acordados na hora em que o corpo iria dormir
este, que agora tratará de agüentar
esses visitantes barulhentos
que desarrumam toda a casa

Os olhos a inundar todo o corpo
o corpo a se arrastar pelo chão
e o peito, quase sem respiração...
tocando fogo...
queima...
queima...
....o sol já vai chegar!"

 

(Caroline Prudente)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

*SILÊNCIO*

Poesia escrita em Dezembro de 2008

 

" Sofro o sofrido

Sofrido do silêncio

 

 

Silêncio das palavras tuas

 

Ausência dos seus pensamentos

 

Sofro com violência

 

Me espanco sozinha

 

Me reparto ao meio

 

E o meio divido em pedaços

 

Me isolo

 

Me ignoro

 

Sofro sem preço

 

Hoje me entristeço

 

 

Sofro o sofrimento

 

Sofrido do silêncio

 

 

O sol se apagou

 

A lua derramou

 

Sentimentos

 

Momentos

 

Sentimentos

 

Movimentos

 

Te espero

 

Te ilumino

 

Te entristeço

 

Te reconheço

 

Te abraço

 

Sem amasso

 

Te amo

 

Sem aclamo

 

 

Sofro o sofrido

 

Sofrido do silêncio

 

 

Sofro o sofrimento

 

Choro neste momento

 

Sofro o perdido

 

Atiro-me no abismo

 

Esqueço-me por enquanto

 

Choro aos prantos

 

Sofro

 

Reconheço

 

Silêncio

 

Momento

 

Calo

 

Isolo

 

Durmo

 

Assusto

 

 

Sofro o sofrido

 

Sofrido do silêncio."

 

 

(Julieta Menezes)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

*DANÇO*

"Vivo o balanço da dança
Danço o meu momento
Enquanto todos se cansam
Eu apenas danço


No balanço sigo o sentimento
Sinto o que está por dentro
Me satisfaço com o movimento
Mostro meu talento


Sou a carne crua
Sou a esperança nua
Sou a artéria
que pulsa
Na velocidade avulsa


Transformo sombra em luz


Escuridão em imensidão


Lento em rápido


Tristeza em alegria


Sei da minha potência
Sei o sabor da minha existência
Sofro pela humanidade
Quero toda a verdade


Sou o caminho sem volta
Sou o vento que sopra
Sou o silêncio da conversa
Agora na sua porta


Sou o olho que cheira
Sou o cheiro que sente
Sou o ouvido que gosta
Sou o sentido que mente."

 

(Julieta Menezes)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

*RAINBOW*

 

 

 

"Agradeço a família 'arco-íris'

por contribuir para meu renascimento

Buscando viver cada momento...

Agradeço a família 'arco-íris'

que não coloriu apenas a minha íris

mas todo meu coração...

Sei que não preciso agradecer

mas agradeço a cada amanhecer

pelo meu novo viver...

jamais irei adoecer ...

pois todas as cores estão no meu ser...

O que mais irei querer?" (Julieta Menezes)

 

Obs:Esta é minha homenagem a grande e bela família que fiz durante a viagem até 'Alto Paraíso',

este vídeo não é só a lembrança do meu último dia na aldeia, mas o significado mais puro da existência...

Namastê.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

*FOGO*

Obs: Esta postagem foi escrita no 1º blog no dia 24/08/09 e a pedidos está aqui no 'retorno', incluindo todos os comentários...

"Cada cabeça um mundo um "CARALHO",

cada cabeça é a prova concreta da dominação humana,

do descaso e da prostituição barata e perversa,

ser professor não é fácil,

 

é ser um fogo ardente diante de

centenas de instintores em sua volta,

longe de mim ter a pretensão deincendiar o mundo,

 

mas no mínimo de tocar fogo nas pessoas que estão ao

meu lado, meus alunos, minha família!

Meu fogo deve se propagar,

este é o significado mais transcendental do FOGO,

jamais permitirei que

apaguem meu fogo,

APAGUEM meus princípios,

APAGUEM meus sentimentos,

APAGUEM a minha vida!

Prefiro morrer queimada do que permitir que matem-me APAGADA!

E se conseguir tocar fogo em um, dois, três seres do universo,

Matem-me,

pois meu fogo já se propagou e por mais que não esteja neste pequeno planeta TERRA,

minha chama já se instalou!

 

JULIETA MENEZES

 

 

terça-feira, 28 de julho de 2009

*SISTEMA*

::Este pensamento foi escrito no susto de chegar a capital depois de 10 dias vivendo na e da natureza...::

 

" Estou cansada deste sistema

Que te engole até os dentes

O abraço está escasso

O beijo?? Só se for o 'falso'

Todos correndo contra o tempo

Prefiro voar a favor do vento

O tempo para mim é movimento

Não o vejo como um tormento

Todos pensando em somar dinheiro

Mas ninguém divide seu saleiro

E eu o que faço?

Me somo com eles?

OU

Me mato?

Não venha me engolir

Não nasci só pra ouvir

No mundo estou presente

Não só vivo

Mas compartilho

Não só respiro

Mas transpiro

Estou cansada deste sistema

Onde tudo é um problema

Mas ninguém cura o edema

Não quero ouvir palavras

Quero enxergar atos

Chega de maltratos!

Não apontem os erros

Não julguem os defeitos

Expirem os acertos

Joguem fora os 'direitos'

Encontre o seu 'centro'

Abra a porta

Abrace o sol

Seja VOCÊ

E não o que vê

Seja coração

E não só razão

Estou cansada deste sistema

Capitalismo doente

Atos inconseqüentes

Não quero o frio

Prefiro o quente

Desta fruta podre não me alimente

Não me prove que estou errada

Não perca seu tempo

Não adiantará nada

Acredito no saber

Na experiência do viver

A terra precisa renascer

Mas para isso antes precisa morrer

Não é difícil compreender

É só acordar e ver

O mundo está doente

Planto por dia uma semente

Que não mente

Mas sente

Que cresce

Mas não apodrece

Este é o caminho

Semeando a bondade que faz

Sigo o caminho da luz

Alegria é o que me conduz

O sistema precisa ser mudado

E não apenas moldado

Talvez seja melhor ser acabado

Para só assim ser melhorado

Que venha a 'NOVA ERA'

O passado? Sinto muito...mas JÁ ERA..."

(Julieta Menezes)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

*SHIVA*

 

::Garaudy escreve em seu livro ("dançar a vida") assim:

 

"A dança de Shiva exprime as cinco atividades divinas:

 

a criação do mundo - pois do ritmo da dança o universo nasceu e se expande;

 

a manutenção deste universo - pois o equilíbrio deste cosmos em movimento incessante só se conserva pelo ritmo da dança;

 

a destruição - pois as formas se destroem para que outras possam nascer infinitamente, e Shiva dança em meio às chamas dos palácios incendiados;

 

a reencarnação - pois a dança de Shiva mostra o percurso através de diversas vidas, para além das ilusões de existências limitadas;

 

a salvação, enfim,ou a libertação - última pela qual cada um toma consciência do que é por toda a eternidade:

 

um momento de atividade rítmica de Shiva, o deus que dança" Perfeito, não?

 

Julieta escreve em seus pensamentos ( "dança é vida") assim:

 

Sou o seu reflexo

 

De repente não falastes nitidamente e nem escrevestes verbalmente,

 

mais como sou um ser que acredita na linguagem corporal

 

e por meio dela nossa harmonia é universal.

 

Muitas vezes não precisamos das palavras,

 

da fala,

 

nem muito menos da escrita,

 

posso falar qualquer coisa,

 

ler qualquer coisa

 

e escrever qualquer coisa,

 

mais meu corpo não pode transmitir qualquer coisa,

 

ele é meu instrumento sentimental mais verdadeiro,

 

com ele que me expresso,

 

com ele que danço,

 

e a dança jamais pode ser mentirosa e falsa,

 

pelo menos a minha dança não poder ser dessa maneira,

 

nem minha dança e nem eu,

 

pois eu sou a dança,

 

assim como Shiva é o Deus que dança,

 

meus braços se tornam vários,

 

minhas pernas inúmeras

 

e meu corpo as mais diversas danças do universo.

 

"O deus Shiva está em mim".

 

(Julieta Menezes)

sábado, 30 de maio de 2009

*HOJE*

"A lua aparece ................... o dia escurece

Vejo anjos de asas cortadas

Tanto chão

Tanta terra

Tanto nada

A lua aparece ............ o dia escurece

Vejo anjos de asas cortadas

Pouco céu

Pouco véu

Pouco mel

Hoje quero voar bem alto

Quero ficar bem longe do asfalto

Quero toda minha liberdade

Chega de ansiedade

Nada de trabalho

Ser 'escravo    '?Um 'caralho'

Quero a felicidade

Não vou esperar ter mais idade

O 'HOJE' é minha verdade

O 'passado' só traz boas lembranças

E do 'futuro' só resta à esperança

Mas o 'HOJE' é a minha dança...

Uma dança sem marcação

Uma dança com ação

Fluindo na contramão

Da lógica

Da semiótica

Uma dança:

Sem compasso

Sem espaço

Danço a 'dança da vida'

Sem ida

Sem saída

O 'HOJE' é a felicidade

Pois esta tem validade

HOJE voarei bem longe

Onde o infinito se esconde

Nas águas irei dançar

Na natureza morar

Para ninguém me achar..."

 

(Julieta Menezes)

 

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 19 de maio de 2009

*NASCIMENTO*

"Nasci em uma terra terrestre

E não encantada...

Julieta é meu nome

Menezes meu sobrenome

Pergunte-me:

Como nasceu o nome?

Minha avó materna era Julia

E a paterna Marieta.

JULI + ETA = JULIETA

Na terra terrestre

Sou professora!

Na terra encantada

Sou escritora!

Em um casulo me mantive

Sempre fechada...

E do mundo

Nada esperava...

Na infância subia em árvores

Brincava de boneca...

Adorava escrever

Tirando uma soneca...

Meus cabelos armados

Me fazia diferente...

Nunca se viu uma 'menina branca'

Sem pente... hahaha

Meu passa-tempo era estudar

Pois tinha por obrigação brincar!

Brincava com <meninos>

Brincava com< meninas>

Brincava <sozinha>

Não seguia nenhuma linha

Brincar era a minha!

Hoje este mundo está distante

As recordações moram em minha estante.

A adolescência foi de muito anseio

Me sentia feia e com seio.

Sangue saia de mim

Não entendia porque era assim.

A terra que antes era encantada

Agora se tornava terrestre

Me olhava no espelho

E via um extraterrestre!

Quantas dúvidas...

Quantos questionamentos...

Comecei a escrever

Não para passar o tempo.

Estava deixando registrado

Meus sentimentos...

A beleza estava em mim

E eu não via...

Que a diferença eu assumia.

Chamavam de exótico

Tudo que fugia do estereótipo.

Quanto mais tinha idade

Mais buscava minha identidade.

Hoje ainda estou em crescimento

Coleciono amadurecimento.

Minha estrada é de chão

Meu suor brota como grão. 

Vivo a minha vida

Não estou à procura de saída.

Quero me perder...

Quero me encontrar...

Vivo a minha história

Luto pela vitória

Quero me arrepender...

Quero me lamentar...

Na terra terrestre

Sou professora!

Na terra encantada

Sou escritora!"

(Julieta Menezes)

     

     

 

quinta-feira, 7 de maio de 2009

*FRAGMENTOS DO ::DIÁRIO AMARGO::*

 

...quero sorrir com amor

Que o sábado chegue com sabor

E com muito calor...

...o sol amanhã no céu vai estar

E nos grãos de areia irei pisar

No mar encontrarei Yemanjá

E no infinito irei nadar...

Diz para mim

O que eu preciso?

...sou o segredo

Não me confundam

Com um brinquedo

Pois hoje não sinto medo

Não dormirei tão cedo...

::Transpiro vontade::

::Olhos de verdade::

::Coração sem idade::

...não gosto de metade

Só de saudade...

...volto da não saída

Passado sem ida

Respiro a vida...

...olhos que fecham

Sonhos que libertam..."

 

Obs: *DIÁRIO AMARGO* é o meu único escrito que tem início, mas não tem fim, os 'fragmentos' são infinitos...

 

JULIETA MENEZES

 

quinta-feira, 30 de abril de 2009

*Carta de Suicídio*

"Ontem eu vivi

Hoje eu morri

Deixo aqui o meu tormento

De não suportar o sofrimento

Deixo aqui minha lembrança

Que um dia fui criança

Vida vivida

Vida sem saída

Vida sem volta

Coração sem porta

Papel escrito

Sentimento aflito...

Alma ferida

Estou viva ainda?

Doçura que dói

Beleza que destrói

Inferno que esquenta

Céu não me sustenta

Queimem meu corpo

Quero sentir o fogo

Joguem minhas cinzas

Para a dança da vida...

Ontem eu vivi

Hoje eu morri

A vida continua longe daqui

Não chorem

Não lamentem

Prefiro ser morto-vivo

Do que vivo-morto

Prefiro cinzas dançantes

Do que sofrimentos inconstantes

Prefiro me suicidar...

Do que esquecerem me enterrar.

Isto não é um lamento

Apenas um depoimento

Isto não é uma poesia

Muito menos fantasia

Isto não pode ser

Visto

Estudado

Analisado

Copiado...

Isto pode ser...

Lido

Sentido

Partido...

Se danço...

Logo

Longe

Existo!

Não aqui

Nem no céu

Nem no inferno...

Mas no infinito...

Eu existo!

Ontem eu vivi

Hoje eu morri."

(Julieta Menezes)

Coreografia:*SUICIDA* Coreógrafa:Julieta Menezes

domingo, 19 de abril de 2009

*MICROPULSAÇÃO CORPORAL*

*Esta semana estou viajando para a qualificação do meu mestrado e deixo aqui um dos meus escritos que estava arquivado. A inspiração da minha pesquisa não poderia deixar de ser a "DANÇA".

O título surgiu de uma noite mal-dormida,mas bem-vinda, pois foi assim que nasceu: <Break: O 'grito' corporal da periferia> Filho ainda em construção e evolução...*

 

"Corpo que se reparte

O movimento agora é em partes

Corpo que se quebra

Ao sentimento não tem regra

 

Dançam em baixo e em cima

O desafio é a sua rima

Na rua quem manda é o corpo

Para ter respeito precisa estar no topo

 

Corpo que se movimenta

Um novo estilo inventa

Corpo que dança na rua

Na sociedade ele atua

 

Se o pulso pulsa

A pulsação expulsa

E o pulso ainda pulsa

 

O b-boy é corporal

Sua linguagem é a não-verbal

Atualmente ele está na moda

Mas o que te interessa é a roda

 

Corpo que se articula

Na roda manipula

Corpo que se domina

A arte é sua mina

 

Cabeça para baixo

Cabeça para cima

A rua lhe ensina

 

Corpo que aterriza

Corpo que voa

Nas ruas não estão à toa

 

 

Sangue articulado

Para o mundo passam o recado

Pessoas no sistema

Enxergam o 'break' como problema

 

Membros que se repartem

Fluência que não se parte

Indisciplina disciplinada

Sua busca é indeterminada

 

Corpo que dança no chão

No piso não tem colchão

Corpo muito flexível

No concreto se torna visível

 

Desarticulado com o sistema

Ir para as ruas é seu lema

Enquanto a sociedade não repara

Por meio da dança se ampara"

 

(JULIETA MENEZES)

 

 

 

segunda-feira, 13 de abril de 2009

*CULPA*

   

"Não culpo a culpa

A culpa que não tem desculpa

Quem procura o culpado?

O governo?

Você?

O estado?

Quem é o tapado?

O que não quer ver?

ou o que vê e finge não entender?

Não culpe a mim

Nem a você...

Não me aponte

Não me desponte

Não me encontre

Para atravessar a ponte.

Culpo o culpado

que usa a culpa

como desculpa...

Culpo o estado

que usa o tapado

como culpado...

Me cale

Me cegue

Me ensurdeça

Mas não me enlouqueça...

Me jogue

Me xingue

Me bate

Mas não me mate...

Cegueira que enxerga

O visível do invisível

Surdez que escuta

O silêncio do movimento

Fala que se cala

Vomitando as palavras

Culpa que desculpa

O culpado da culpa

Divida sua dívida

Da dúvida com a vida."

(Julieta Menezes)

 

sexta-feira, 10 de abril de 2009

*CARNE SANTA*

"O cristianismo exclamou:

Na carne mora o pecado!

A dança passou a ser abolida

A alegria ficava sem saída

O que o Santo Agostinho não sabia

É que a carne ele comia

Aonde mora o pecado?

Dentro ou fora?

O animal ele devora

Mas o corpo ele reprova

Hipocrisia é FODA!

Assassinato corporal

A igreja é mesmo paradoxal

Viver feliz é imoral

Dançar é pecado

E MATAR?

Está autorizado

Índio mandado

Povo ameaçado

Dono da razão

Ignora a emoção

E a DEUS pede perdão

Em rios de sangue nadaram

E a humanidade nada ensinaram

Só que dançar era coisa do diabo

Infelizmente não olhavam o seu rabo

Me perdoe Santo Agostinho

Mas detesto este jeitinho

De se titular de santinho

De se cobrir com um manto

Escondendo todo o espanto

Para mim isto não é santo." (JULIETA MENEZES)

segunda-feira, 30 de março de 2009

*CONFUSÃO*

"Confusão inconfundível

Pergunto-me todos os dias

Se há um caminho definido...

Às vezes me sinto como uma semente enterrada,

E que da terra não sairá nada.

Gosto quando o vento beija meus cabelos,

Sinto que estou assanhada.

Para mim descabelada,

Combina com ser amada.

No silêncio do meu fone,

Não escuto o telefone,

Me desligo do meu nome,

Hoje esqueci até meu sobrenome!

Meu corpo se esquece,

Que meu coração adoece,

Se a alma não enobrece,

A alma cansa se o coração amansa...

No ritmo da dança crio meu passo,

Sigo harmoniosamente meu compasso.

Minha sabedoria caminha,

Onde se perde a linha.

Começa quando escurece,

Termina quando amanhece.

Ninguém se pergunta mais:

Quem eu sou?

Onde estou?

Ou

Por que a planta cresce?

Por que o céu padece?

Sofrimento absurdo,

O mundo parece-me mudo...

O que você fez?

Lembra alguma vez?

Mundo produto...

Onde foram parar seus frutos?

Semente de cimento,

Não balança no vento,

Desenvolve sem pensamento.

Isto está certo?

Sinto arrepiar a alma,

Meu instinto pede calma,

Solto a minha arma...

Viver sem medo,

É como experimentar um brinquedo,

Se esquece do tempo,

Pensando só no momento...

Para que tanto armamento?

Por você eu só lamento...

Me arrisco em uma trilha sem rota,

Em minha busca não quero achar a porta,

E se para ser feliz precisa de guia ou de cota,

Me enterrem, pois já estou morta!."

(Julieta Menezes)

sexta-feira, 27 de março de 2009

*Capa da VEJA (20/10/2008) - BELEZA*

Recentemente a VEJA estampa como assunto central, logicamente se torna a capa, a questão da BELEZA.

A VEJA vem ressuscitar a teoria de DARWIN e seus estudos sobre evolução da espécie (seleção natural).

Esqueça aqui as assimetrias e simetrias darwinianas, te pergunto:

O QUE SERIA DOS PERFEITOS SEM SUAS IMPERFEIÇÕES?

"Confesso que tento todos os dias vencer a monotonia

da beleza padronizada nas capas de revistas,

se transportando do papel para a minha vista.

NÃO SABIA?

Beleza agora se compra,

se negocia

se universaliza.

Beleza = Rótulo

É como a COCA-COLA,

se compra e põe na mesa.

Confesso o meu interesse em me desinteressar

por todos BOBS e BARBIES que cruzam pelo meu caminho todos os dias.

Pensamento fútil,

corpos infláveis

personalidades acabadas(personagens).

   

Não gosto dos perfeitos

Não gosto do pronto

Não gosto do acabado

   

Não tenho interesse em apontar as imperfeições nos perfeitos,

mas de me inspirar nas imperfeições como um ser PERFEITO.

   

Gosto dos tortos

Gosto da dúvida

Gosto do inacabado

   

Procuro enxergar o BELO

nos galhos tortos,

nas folhas secas,

nos frutos amargos

nas formas incertas.

Procuro enxergar o BELO

no conto que não é de fada

no ballet que não é do cisne e no príncipe que não é encantado

Procuro enxergar o BELO

no caos do sistema

na discussão de um problema

no aparecimento de um edema...

O BELO se encontra todos os dias estampando as nossas ruas,

as avenidas,

as nossas casas

as nossas caras.

PORTANTO...

O BELO não se encontra

nas bancas de revistas,

nas telas do computador

muito menos nos artistas.

O BELO se encontra

em mim

em você

na vida

no mundo

não é difícil de entender."

( JULIETA MENEZES )

quinta-feira, 26 de março de 2009

*ANJANA*

" Sou a fada da terra mágica

Minhas asas são fúcsia

Exala perfumes silvestres

Nasci no mês de maio

Vivo nas florestas e bosques

Adoro terra e água

E sempre estou encantada

 

Sou ANJANA

Sou DOCE e BONDOSA

Sou BRANCA e CHEIROSA

 

Sou a fada pequenina

Meus olhos são castanhos

Meus cabelos solares

Me alimento de frutas e sementes

Não como animais

Aliás, adoro os animais

 

Sou ANJANA

Sou DOCE e BONDOSA

Sou BRANCA e CHEIROSA

 

Adoro o sexo masculino

Adoro os meninos

Consolo os desamparados

Enxugo as lágrimas dos desabrigados

Danço sob a luz da lua cheia

Minha túnica é branca e transparente

Meu corpo é puro e quente

Meu espírito incendeia

 

Sou ANJANA

Sou DOCE e BONDOSA

Sou BRANCA e CHEIROSA

 

Acordo pelo dia

Ao nascer do sol

Canto boas melodias

Giro com alegria

Converso com as flores

Elas me compreendem

Na primavera danço até o amanhecer

Espalho pétalas de rosas só para você

Sou Anjana

Sou imortal

Minha força é mágica

Minha inocência castra

 

Sou ANJANA

Sou DOCE e BONDOSA

Sou BRANCA e CHEIROSA

 

Não posso me apaixonar

Sofro restrições

O castigo em mim irá ficar

Caso eu venha amar

Em meu coração

Brotam gotas de mel

Tão doce

Que sentirás o céu

 

Sou ANJANA

Sou DOCE E BONDOSA

Sou BRANCA e CHEIROSA".

 

Julieta Menezes

domingo, 22 de março de 2009

*Justiça*(Escrito por Vanessa - aluna do curso de Ed. Física)

Vanessa - Aju, 08.03.09:: Este texto foi escrito após uma notícia desagradável esta noite de domingo, fiquei muito triste, também pelos meus avós que estavam bastante abalados, ao saberem da mulher que assassinou o filho dia 21 de fevereiro de 2008, que estaria morando perto da casa deles e até hoje nenhum providência foi tomada:: "Para que há justiça neste país sem escrúpulos, onde tudo aumenta de preço e perigo, quando uma pessao mata outra, viveem liberdade, passeando como se nada tivesse acontecido...E que pessoa é essa?Será que o país ajuda no dia-a-dia desse tipo de gente?Quantas destas estão soltas por aí?Será que é possível fazer um "futuro final" diferente,signo destas pessoas que morreram?" *EU QUERO JUSTIÇA*

terça-feira, 17 de março de 2009

*ASSALTO*(14/03/2009)

"Hoje eu fui assaltada,

não gosto desta palavra,

é conveniente demais para o meu sentimento de hoje...

Quem inventou esta palavra

estava equivocada...

Na verdade eu fui foi roubada,

Me sentir esvaziada

Não levaram somente a minha identidade

Mas todas as minhas verdades...

Não foram sós os documentos,

Mas literalmente meus pensamentos...

Roubou minha semana,

minha tranqüilidade,

meu sossego,

minha inspiração ...

junto com toda respiração...

Levaram embora minha ausência de questionamentos,

minha ingenuidade,

leveza e coragem,

estou sentindo o chão,

nunca fiquei tão próxima da contramão,

nem sei o que dizer nem o que pensar,

só queria o tempo parar...

Meus pertences não tenho pretensão de resgatar,

já as minhas certezas quero novamente poder sonhar,

No labirinto não alcanço a reta e a curva

está ainda mais incerta,

tenho medo de dormir,

fechar ou abrir?

Não sei.

Hoje ficarei por aqui...

Já prestei a queixa,

mas o que ele me deixa?

A certeza que vivo no caos,

não quero ficar a vida toda subindo degraus...

Hoje ficarei por aqui...

Mas tudo que mais quero é :

Partir...

Sair...

Amanhã sei que aqui não mais estarei

O universo simples 'eu' serei,

E neste acontecimento não mais pensarei..." (Julieta Menezes)

 

Obs: Este texto não é uma invenção, muito menos uma ficção, realmente fui assaltada e tudo que escrevo é sentido, vivido e escrito.

Alguns estão aqui, outros estarão por vim e ainda muitos guardo só pra mim...

segunda-feira, 16 de março de 2009

*Na bondade dos meus dias...(capítulo 1)

"Na bondade dos meus dias,

encontro a beleza infinita,

nas minhas estradas tortas e curvas,

me perco no caminho da vida.

Está perdida no caminho é como enxergar vários horizontes cruzando sobre céus,

é como nadar em um oceano sem ritmo,

sem correntes,

sem direções.

 

 

Na bondade dos meus dias,

danço uma melodia sem compassos e sem sentir meus passos,

começo a voar ...

logo distante eu me encontro,

em cima de uma árvore à noite,

a te esperar!

Galhos retorcidos,

contornos indefinidos,

borboleta colorida pousando a te encontrar.

 

Na bondade dos meus dias,

meus sorrisos se estendem,

correndo pelo ar em uma velocidade que chega a brilhar!

E até a incomodar!

Incomodo porque ignoro o olhar dos maus,

da inveja, do egoísmo, do que se diz correto.

 

Na bondade dos meus dias,

meu corpo traduz o sentimento,

escorregando gotas de compaixão,

para que ter razão?

Meu pensamento é apenas mais um sentimento

ao universo agradeço todos os dias pelos meus momentos.

Meu coração pulsa em uma batida frenética,

encosta teu peito no meu e sentirá a minha verdade.

 

Na bondade dos meus dias,

Sou apenas "eu"

Sou apenas "você"

Sou apenas "nós"."

(Julieta Menezes)

*Na bondade dos meus dias... (capítulo 2)

"Na bondade dos meus dias,

não compreendo a tortura de um ideal

inexistente e acabado,

olhos desconfiados e corpos amedrontados.

Não tenho medo do que

os meus olhos não enxergam,

do que minhas mãos não alcançam e do que meu corpo não percebe.

Tenho medo é do que vejo todos os dias na minha cara, vegetais se fingindo de gente e mortos passeando como vivos.

Na bondade dos meus dias,

tenho medo do que chega aos meus ouvidos,

palavras cada vez mais xerocadas que mais parecem cuspes escrotais.

Tenho medo do que me toca ,

corpos mudos desfilando o nu, corpos visíveis sem pudor e cheios de dor.

Corpo meu é santuário sagrado indizível e invisível aos que tudo olham.

Se esconde no meu corpo aquele que nada quer vê,

porém vive para viver e não para morrer.

Na bondade dos meus dias,

lamento as vidas corretas e com percursos definidos,

lamento por aqueles que não se perdem,

lamento pelos que lamentam.

Procuro pelos incuráveis e incansáveis,

que sentem o sentido, que enxergam pelos ouvidos, que falam através dos poros e que escutam pelas artérias.

Não posso parar...

Não posso chorar...

Estou sempre a buscar...

Estou sempre a amar...

Julieta Menezes

domingo, 8 de março de 2009

*Na bondade dos meus dias…(capítulo 3)*

   

"Na bondade dos meus dias, observei a lua nascer, sinto uma vontade de morrer só para renascer e nascer em uma humanidade mais humana. Estou cansada de gargalhadas engasgadas, de lágrimas insossas e sentimentos de cimento. Estou cansada da poeira que cega os olhos que de tudo quer ver, dos braços que nada têm a oferecer e dos lábios que não têm nada a dizer. Estou cansada do tempo, do fragmento, do prazer em ter desprazer e da multidão que não passa de Adão.

Na bondade dos meus dias, o sol reflete o meu ser e ainda estou, a saber, como neste mundo eu irei viver? Sofro no meu abrigo pelo desabrigado, sinto indigestão pensando naqueles que nem sabem o significado de "digestão", durmo com insônia tentando descobrir respostas sem portas. Sonho com mais braços para mais abraços, "Shiva" me acolhe e eu? O que faço?

Na bondade dos meus dias, existo em um espaço inexistente, me esforço para respirar um ar irrespirável, me afogo em um oceano vazio. Velas estão acesas, corações em cima da mesa. Não tenho fome. Nem sei qual é meu nome. Hoje estou sem pele, meu sangue escorre nas verdades ocultas que ninguém quer enxergar. Hoje não quero pensar, apenas derreter para desaparecer. Hoje não quero ficar, vou partir... Sair daqui.

Hoje vou voar, vou até a lua e com ela chorar.

 

Hoje parei...

 

Hoje não sei...

 

Hoje me atirei..."

 

Julieta Menezes