domingo, 18 de julho de 2010

*QUADROS*(Homenagem a Profª Norma Takeuti)

"Morre todos os dias muitas pessoas simbolicamente:

Pela castração de pensamentos, de movimentos, de idealizações, de paixões e etc.

Eu chamaria de morte matada este tipo de assassinato e não de morte morrida, a qual chamaria a morte acontecida de fato.

Te pergunto:

Qual a pior morte?

Morte morrida ou morte matada?

Como queres viver?

Morto vivo ou Vivo morto?

Isto aqui não é uma brincadeira popular, deixemos as crianças na ludicidade e vamos refletir esta questão como adultos que somos.

Será que ser vivo é apenas estampar a cadeira em uma universidade depois de tomar um banho quente, se perfumar 'a La francesa' e vestir um jeans 'diesel'?

É muito incompreensível para mim compreender que um ser passe nove meses para nascer e que ainda depois de nascido passe por várias experiências em todo seu processo de desenvolvimento apenas para estampar um quadro na parede social.

Não viemos ao mundo para sermos personagens de um livro autobiográfico exclusivamente.

Não viemos com uma história contada e acabada.

Somos personagens ativos de outros autores e escritores não somente do 'eu', mas do 'nós'.

Está na hora de sair do quadro, é preciso cansar da monotonia engessada da estampa, não somos 'obras de arte', não podemos ser vendidos, trocados ou guardados em museus.

Quero ouvir vozes incontroláveis de indignação, protestos e dúvidas.

Sinto a necessidade de enxergar corpos que falem singularmente e não pluralmente, indiferentes aos vômitos dos meios de comunicação de massa.

Vamos deixar de ser vivo morto, a nossa missão no universo não é somente de 'existir', mas 'resistir' diariamente a insistência da sociedade em nos assassinar lentamente.

Somos vítimas de um crime sem julgamentos, sem justiça e sem direitos.

Estamos jogados em prisões com corações amarrados e sentimentos atados.

A liberdade está do outro lado da porta e se não abrir não tem mais volta

E te afirmo:

A chave está em cada um de nós.

Vasculhe...

Limpe...

Passe horas desarrumando e arrumando o que tem dentro de você.

Jogue fora tudo que não te serve mais

Se liberte!!!

Já parou para pensar que o assassino está solto enquanto você está preso?

Até quando??? "

 

(Julieta Menezes)

 

 

2 comentários:

  1. Eis um Palhaço que aqui grita:

    Descobrir-se! Se anda o presente à passar tão passivo o faz como uma aniquilação de mim e das proliferações do meu pulso. Acho que me sinto bem quando não está tudo assim tão bem: Eis meu casulo O CAOS!(e não o cais de outrora). Sim, o caos, ele próprio, na falta do mesmo sou mero espectador dos versos alheios... Mesmo estando tudo bem, prefiro fingir que ele está cá dentro, e com desdém que só ele tem se diverte à fingir também(mas não tão bem).
    Meu abismo sempre foi desconfiar... o mundo para mim sempre foi o pontinho da interrogação... Quanta petulância a minha! Mas brinquei de ser filósofo (e para mim o fui!Que mais importa?). Para os outros eu não passava de um louco divagador de impropérios pueris (Mas que importa os outros?!Não passaram eles de risadas minhas, risos sarcásticos de um DILETANTE que ingressou na academia...)
    Não, não nasci para estudar a História da Filosofia, EU NASCI PARA FILOSOFAR, nem que seja num bar, embriagado, nem que seja andando por aí aos monólogos(únicos companheiros, como se fossem Espíritos Livres)...mesmo que puerilmente, eu nasci foi para filosofar! Criei manifestos, fui ridicularizado por quem hoje certamente se encontrará em alguma sala de aula falando passivamente sobre a História da Filosofia. Eu não, cá estou, ainda louco, ainda VIVO, ainda só. Joguei tudo pro alto, me fiz AUTO-DIDATA!
    Mas existe um vocábulo massificante denominado "quotidiano", maldito seja! Fiquei farto do tal vocábulo que impedia meu crescimento espiritual, vorazmente me puxava para baixo, como se eu o ameaçasse ao pensar. Tive de ser um buscador permanente, minha intelecção era árdua (vivia em um ambiente ignaro, com pessoas ignavas), tinha de ser conseguida mediante um esforço ardiloso...
    MAS MEU DELEITE ERA MESMO COM A BUSCA EM SI! O resultado pouco importava, me regozijava com as divagações que fazia para chegar até ele, as digressões, o ceticismo tanto quanto o fascínio incautos, os devaneios, as sublimações, a ilação sempre tênue... estava tão longe do oceano quanto do cais!
    Por outro lado, aquele mesmo quotidiano impedia-me de enlouquecer completamente, pois quando ficava só comigo mesmo, fazia inversão de todos os valores, apenas por olhar por outro prisma, estilhaçava toda forma de convenção, o que diziam profano eu tornei sagrado e alcei meu vôo além dos limites da consciência, batendo dolorrosamente asas que não estavam acostumadas à voar. Longe do ninho há um prelúdio de medo, ao mesmo tempo ígneo e prazeroso...
    Mas não era permitido à mim voar!
    Quando tudo parecia perdido inventei pseudônimos e fiz deles seres mais reais que eu mesmo, ao ponto de chegar à duvidar da minha própria existência. Foi minha esquizofrenia voluntária, ERAM NECESSÁRIAS METÁFORAS QUE ME LIBERTASSEM!
    Como se estas maldades, por si só, não bastassem, sequestrei meus pseudônimos e saqueei-lhes o que traziam nas costas!Roubei versos que eu próprio escrevera, como um auto-crime há muito preeditado, mas nem por isso impassível de punição. Perdi um dos bens mais valorosos que um ser humano pode perder: um amigo!
    E sob este legado gaudério me recriei outra vez: Eis-me aqui, como um anônimo poeta psicodélico, à descobrir cada vez mais que AMA e ODEIA muito mais do que antes presumia!

    CAOS PRA NÓS DOIS! VIVAMOS-NOS!!!

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  2. ô, Ju, gostei muuito do seu texto, e principalmente do seu ponto de vista. vc conseguiu mostrar a sua essencia, o que te faz olhar pra frente, VIVER de verdade. ''Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.'' um cheeiro!

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