"Sou como uma veia de metal fria
percorrendo uma rua solitária...
Talvez eu esteja escondida no meio das montanhas...
meus pés se arrastam por um solo bruto e quente::
Estou perdida em um abismo ilimitado...
em uma noite profunda e sem horizonte...
Ainda não sei sofrer como deveria::
olhos...salivas...secam...
dentes...sorrisos...pecam...
minha meta é andar... sair do lugar...
sem casa...
sem canto...
sem encanto...
Esta grande noite me assusta::
é a angústia que me oprime?
A angústia da metrópole que me enterra até o pescoço?
Enxergo corpos em toda direção
sou mais um...menos um...
diante de toda multidão!
...singular no plural
Não sou a matemática solitária::
Sou o 'só' que se perde no conjunto...
Lamento...
Sentimento...
Tormento...
Minha boca, como ferida, pede apenas que seja fechada.
...minhas mãos estão presas ao corpo como um cão indiferente.
Procuro por um grão...para dividir um pão...
Procuro por um sorriso... para dividir amigos...
Durmo sem deitar...
Castigo sem mastigar...
Coração sem lar...
Onde eu vim parar?
Não importa...
...hoje vivo sem par...
Existência pede clemência!
Sono com abandono...
travesseiro sem dono...
Insônia vazia
alegria com azia
Não importa...
sigo abrindo a porta
às vezes reta...
às vezes torta...
Será que estou morta?
...senhor mantenha-me acordada ao menos uma vez."
(Julieta Menezes)
Tu és como nuvem que vem de longe... demora,
ResponderExcluirmas quando chega... devasta,devassa,arrasta...
inspira,expira,pira...
arde,morde,flameja...
como chama,beija,clama...
abraça...enfim dança;
como chuva que vem de longe,
chega mais molhada...
guerra apaziguada,
paz embevecida,
caótica, enfim dança;
se te vem a tristeza visitar a vida
transforma em poesia que passa
_A tristeza? _A poesia?
_Não sei, só sei que passa,
como chuva que vem de longe,
a nuvem se dissipa
e se forma mais adiante,
Dança!
Forte abraço! Não demore muito à chover de novo, temos sede!